quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Eternizar a beleza do efêmero

Eu e o meu vício em fotografar pássaros e borboletas. É a beleza da liberdade que esses seres vivem que me encanta, seja alçando voos e deslizando leves no céu, seja coletando o néctar das flores ou então pousados em árvores e telhados apreciando o horizonte.
Eu aprecio e me pergunto, de onde vieram? para onde vão? quanto tempo de vida possuem? quanto tempo de vida ainda lhe restam?
Seja no caos da cidade ou na calmaria do campo, continuo firme a fotografá-los. Quantas vezes interrompi aqueles momentos  robóticos do cotidiano para apreciar um pássaro que pousou no poste da rua ou uma borboleta que passou rapidamente por mim, corria doida atrás da câmera, mas quase nunca consigo captá-los a tempo, mas ás vezes também apenas aprecio imóvel, não quero sair para não perder a cena. Fico dividida entre fotografá-los apenas com olhos ou também com a máquina. 
E eu me pergunto, por quê ouso fotografá-los? será uma maneira de aprisioná-los imageticamente no tempo? Por que essa necessidade incessante de objetificar aquela imagem? pensando assim parece até cruel. Será?
Mas eu quero lembrar de todos os detalhes, eternizar a beleza do efêmero!
Mas tudo bem! Entendo que talvez essa seja uma forma saudável de apego, talvez seja uma bela maneira de criar e caçar pássaros, alojá-los e apreciá-los em fotografias e boas memórias. Como diz Letuce "acompanha o pássaro, mas não atrapalha o voo, não tente olhar com as mãos, estar perto requer outros dons...".