quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Um novo primeiro nascer

Em um deslize involuntário aqui estou eu, escorregando rapidamente em linha do tempo. Cada decida me aumenta mais o frio na barriga, estou embarcada em uma longa viagem sem volta. O mistério é a única hipótese de destino e só o tempo desvendará.
As "linhas da vida" marcadas na palma de minha mão, as cicatrizes das quedas que levei quando criança, cartinhas de amor e flores recebidas com carinho, as fotos fazendo caretas com meu pai, filmagens do meu aniversário de 4 anos, o perfume de um abraço carinhoso, o cheiro da lancheira do maternal, as vozes de crianças cantando a musiquinha "meu lanchinho" na hora do intervalo, o dia do primeiro beijo com a pessoa amada, o cheiro de café da manhã na casa de meus avós, o sorriso e o abraço de meu avô, as mãos de minha bisavó apalpando as minhas, as tantas risadas dadas com minha mãe, as tantas brincadeiras com minha irmã, entre outras tantas lembranças guardadas em melancolias... Tudo escorregou tão rápido deslizando em memória viva. E o ciclo do tempo continua: Futuro se transforma em presente, presente se transforma em passado, passado se transforma em lembrança. Tempo é vida e se dá entre sucessões invariáveis, e assim vou vivendo, me transformando a cada segundo.
E hoje é ultimo dia de mais um ano de minha vida. Um pôr de um mais um velho sol e a espera de mais um novo e primeiro nascer de lembranças, presentes e esperanças de novas iluminadas manhãs. Mais uma fatia de tempo, novas expectativas do misterioso novo ciclo tempo. Reflexões e crenças se misturam na vontade e ansiedade de mais uma vez passear com o tempo para mais um ano novo. Mas o tempo é misterioso, enganador, parece passar cada vez mais rápido, parece que os anos estão cada vez querendo chegar a anos-luz. Será o tempo que quer ultrapassar da gente, ou a gente do tempo?- Não sei.
Os números se tornam tempo, e eu não agüento mais essa relação, queria poder ter meu próprio tempo e calendário, já mandei várias vezes meu relógio a relojoaria para concertar pois meu não anda funcionando muito bem, as horas passam muito rápido, mas todos sempre insistem em dizer que estou enganada que ele esta normal, é, acho que os relojoeiros não são os senhores do tempo, talvez eu que esteja realmente um pouco caótica em relação a isso. Mas enfim, que venha novamente os apressadinhos números, dias, meses, anos... E que se transformem em datas significantes e inesquecíveis.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

"Amar é crucificar-se em braços alheios" será?...

Vendo um documentário, em um momento escapou essa frase de uma das cenas: "amar é crucificar-se em braços alheios" e ela ficou em minha memória. Com tudo o que já vivi, as paixões passadas, as pessoas que amo, a dor e o sofrimento da vida. Então pensei na paixão.

Por que se apaixonar? - Apaixonar é crucificar-se em braços alheios, é coroar-se em aliança de espinhos, é atirar pedras em nosso próprio coração... Sabemos de tudo isso, mas é algo que não se pode enxergar, algo que sentimos no fundo, que mexe e remexe nosso estomago, algo como um sadomasoquismo espiritual que nos enche de vontades e desejos. E percebemos que mesmo a paixão nos fazendo sangrar, queremos viver aquela paixão. Pois não nos apaixonamos apenas pelo sofrimento, mas sim pela certeza de seu sempre e milagroso bem que o faz. Bem esse que sempre sentimos dentro de nós involuntariamente e nos dá forças pra aguentar qualquer dor.
Então logo associei que a vida é a nossa mais pura paixão e muitas vezes nem nos damos conta disso. Por que estamos vivos? o que nos dá força para isso? - É que a vida é realmente apaixonante, nos apaixonamos por ela ao virarmos seres, é um delírio apaixonado, um purgatório transbordante, isso é a vida. Todos nascemos e morremos pela vida, por amor, por paixão... Sofremos sim. Mas sabemos que se abrirmos nossos corações... A luz reinará em nós e de qualquer forma o amor ressucitará, sem dor, e viverá para sempre em nossos corações, nos corações de quem por aqui ficou, e tornaremos parte dessa essencia exótica e delirante que nos faz respirar e pirar apaixonadamente em cada 24 hrs de nossas vidas.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Madrugada

Silêncio!
É madrugada Forjada
A mente coberta e calada
Canta em pensamento
Escutando o silêncio

Levanta sonâmbula e dança
Com bêbados sonhos infinitos
Sambando pelas madrugadas

Pulando em universos
De verso em verso

Mas repentinamente
afundada em recesso
amnésia de seus versos

Ó Madre madrugada
É uma pena

Tantas estrelas abraçadas
Alegrias sambadas
Logo esquecidas
Em ressaca ensolarada

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A próxima página, ...

A próxima página, sempre a próxima página... Ele passa as mãos em seus cabelos entrelaçando entre seus dedos, ajeita seu óculos com seu dedo indicador, olha para o teto respirando fundo. Pensativo, acaricia rapidamente sua barba e passa para próxima página: 1, 2, 3, 4,..., 65,..., 100,... , 335... Assim vai desvendando o mistério por trás daquelas palavras pretas enfileiradas, por trás daqueles números amontoadores de passado. Explodia cartuchos e nadava em tinta preta. Atolava em impressões e enlouquecia impressoras. Amassava e jogava em chão gelado idéias embrulhadas desvairadas. Estava correndo entre mundos gramaticalmente encenados. As palavras atuavam por si só em códigos, mudas e congeladas em papéis, mas, gritantes e frenéticas em mentes atores-telespectadores. Nenhuma história era igual, as palavras são códigos, cada um lia com seus próprios significados... O mundo é um círculo mutável imaginário. Façamos uma festa! Uma fogueira ao centro, cantaremos canções, daremos gargalhadas e assim a ciranda da vida tornará dançante e explodirão luzes coloridas, pássaros e anjos pelos céus. Acordaremos e sonharemos, dormiríamos acordados... E as páginas passam, passam, passam...Cada vez mais rápidas em atrito com a próxima página fazendo um barulho rangente como ondas se arrastando em areias e conchas. Páginas e ondas sempre possuídas pelo ir e vir de uma força desconhecida, infinita. Um Incansável fluxo, talvez seja a vida. Mas o que tem por trás de ondas incansáveis e páginas viradas codificadas? O que você enxerga?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Identidade temporária


...Sou o infinito...
Já fui muitos dias atrás...
Hoje sou alguns centésimos a mais...
O estático em mim será sempre o jamais
e o daqui a pouco, por pouco tempo
permanece meu novo eu desconhecido...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Devaneios navegados

ps. "Como pode alguém se afogar 'navegando na internet' ?Talvez um vírus, um cabo desconectado, um link que nao deveria ser clicado possam fazer isso, mas comigo não foi só isso, na verdade foi o 'amor virtual' mesmo que causou uma tempestade no meu navegador... Poisé, aconteceu comigo acredite, consigui me afogar em uma paixão virtual... e sonhando! (risos)
Mas enfim, aqui estou eu; viva, para contar essa história inspiradora que sonhei em forma de poesia..."



Navegando pelas correntes
de suas idéias elétrica-mentes transcendentais
que tombam desde de seus fios de cabelos
até seus mais puros devaneios

CaM
Ba
LEi
O
nas tempestades elétricas
de suas informações

e em goles afogados
te bebo desesperadamente
sassiando a sede osmótica de nossos sentimentos
tentando restaurar nosso equilíbrio
daquela energia que nos conectava

tarde demais
meu sonho exaltado
agora voa meio a meros reais
acordo tossindo
goles de ar e nada mais...

domingo, 24 de agosto de 2008

Prantos de narciso

Mascaradas alegrias
contornam teus olhos
tornando-os únicos mistérios
que de ti posso ver

Pois o que de ti resta é
apenas fantasia

Tua pele ardente macia
bordando estreladas utopias

E em minha rua o carnaval é eterno
e lá te enxergo claramente nua
como uma velha cega

Tu por lá andas
cantarolando e
desfilando entre sambas
ao som de trompetes
que de teu sorriso
fazem chover confetes

Só eu te enxergo clara e incerta
te escolho e te visto
te visto de mistérios
abotoados adultérios

Meu bem se tu soubesse
como te quero...

Quero-me para ti
te quero para mim
trilhar por tuas ilusórias
trajetórias de teu corpo-fantasia

Porém minha mente te mente...

Tu és minha imaginação
tu me és, paixão
fruto de minha criação

Nosso amor é impossível
pois me ter em ti já é um vício
por isso me afogo em prantos de Narciso...

domingo, 3 de agosto de 2008

Absurdo é o fruto


Gorjeando seus prazeres
fazendo de dois
apenas um só ser
um só gemer

Do fruto surdo-absurdo
piscavam em júbilo
formigando fantasias
palpitando alegrias

Despiam receios
em ânsia de se perder
para sempre
nus em seios

semeando
semens
dissolviam-se
em cheias veias
amamentavam ceias
ao qual junto saboreias
e dançam em seita
suas próprias receitas

organizam
em fileiras
e desorganizam
em desordem alheias

contínuo e uniforme
em êxtase contingente
andavam rápido-lento
forjando fulgores
calores
dores-amores

Controlando o já descontrolado
transpiravam
e sentiam o mundo tocá-los
fino e leve
agudo e profundo

E em ócio transbordam
agora feitos e satisfeitos

E chegam a mais um
fim sem fim
de mais uma ânsia
da exuberância

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Grito íntimo

Daquele ruído de vozes jamais roucas
se fazem gritarias íntimas
algazarras verbais
e porções de palavras
que sossegam ao escuro fundo
de meus sintonizados
pensamentos de mundo

domingo, 27 de julho de 2008

Pelo avesso

Ronca a sinfonia
de delírios surreais
de sonhos compulsivos
ronca aquele ronco estrondo

Fino começo
que roda pelo avesso
Pela grave melo-dia
meio-dia
meia-noite

Mal chegada a madrugada
dorme o corpo
e dança a alma

Requebrando em cada quebra
saltitando e
palpitando por meras
quimeras

Aquele ronco que
respira vida-delírio

Fere leve
cada porção de silêncios
de aurora
cada palavra
de sua amada-sonhada
sinfonia de sonhos-alegria

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Ladeira

Decendo à beira da ladeira
eu vou rolando as estribeiras
eu vou chegando ao fim-início
de um único-infinito
comício de ir e vir
descer e subir
nascer e partir

terça-feira, 8 de julho de 2008

somos

Simples
Mentes que mentem
Incógnitas de nós mesmos
Escondidos do próprio submundo
Algo algo
Algo alguém
Uma coisa
Uma mera
Uma era
Uma coincidência
Um acaso do descaso
Um nada repleto
Sabem sem nada saber
Idas e vindas de vidas
vivemos e vemos
nus e ingênuos
"ingênios" de nós mesmos

domingo, 29 de junho de 2008

Ando

ando
tropess
ando
esbarr
ando
cambale
ando

ando
pelos cantos
que soam
prantos

que
es
correm
encantos
de seus fartos
lábios

ando
me desperdiç
ando
enfeitiç
ando
me embebed
ando
me envenen
ando
de seu encanto

ando
me embebed
ando
de nosso pranto

ando
me embebed
ando
de você.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Paixão a mais

Corra
trans c o rra...
inunda meus pensamentos
transborda meus sentimentos
me espalhe pelos mares
ares
além-mares

façamo-nos juntos
seres transbordantes,

apaixonantes.

domingo, 22 de junho de 2008

ver e rever
reverter para ter
ter e não querer
querer e não te ter
ver e se arrepender
não tem o que temer
o ter é todo seu
amor-meu

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Nossos dias de ontem

Um dia,

você

pa
s
s ou

em meu dia

Mas, aquele dia hoje, é o amanhã de ontem.
Aquele dia hoje mudou o ontem,
matou despercebido o ontem.

Hoje,
meu ontem sangrou lembranças.

Aquele belo dia,
hoje já é outro dia.


sábado, 16 de fevereiro de 2008

Ordinário universo

...E assim se fez aquele meu
pequeno e peculiar universo
repleto das ordinárias paredes que me cercam
caladas e obstinadas.

Paredes que me guardam como algo precioso
como um frágil frasco
preste a se quebrar.

No branco do teto se movem minhas nuvens
e da lâmpada se acende meu sol

eu não estou sozinha, estou protegida.

Penso em abrir a porta
mas não sei
hesito, tenho medo do que pode estar por trás das frias paredes...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008


O verde azul do mar se mistura com o azul e o branco do céu
meus olhos parecem tão distantes
meu corpo parece tão leve
sinto-me confortada no macio das nuvens e no frio da água.
Mergulho entre as nuvens e me perco no verde e azul desse belo e infinito mar-céu