sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Clave de Sol

Arrebentação
Maré que incendeia
Desfaz meu chão
Lava minha alma
Encanto de lua cheia

Um dia de sorte
Arcano da morte
Transformação

Um laço
Amasso
Reencontro divino
Clave de sol
Arranjo destino

Maresia que alastra
Me toma
Me agita

Aquele vai e vem
Respiração
Inspiração
Música e poesia
Acalanto e ventania

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Liberta

Tenho pulsos firmes
Não aceito amarras
Tenho mãos abertas
Entregues
Descobertas

Sou Filha do ar
Ave de rapina
Minha presa é liberdade
Abolição, minha sina

Não fujo na surdina
Sou trinco solto
Reação em cadeia
Tempestade de areia
Flama que norteia

Sou constante lampejar
Sigo labaredas
Hasteio o céu
bandeira solar
Não ando em veredas
Desaguo no mar

Meu amar é aberto
Maré livre
Respiro manso

Perene trovar
arbítrio abraço do olhar
Espontaneo permear


Transcorro selvas
Não domo feras
Sou mata fechada
Um sopro a vera

Meu corpo é fresta
Minha alma é fenda escancarada
É como decidi ser e agir: Liberta

sábado, 27 de abril de 2019

Pintura

Ela desliza as mãos sobre os cabelos
Em um toque macio e forte
amarra o cabelo com um pincel
Os fios ondulados deslizavam...

Foi como desenhar uma dança
Foi como navegar no oceano
Foi como rabiscar o sol no horizonte

A luz irradiava naquele ruivo
como fogo crepitando
E eu fiquei presa naquela pintura
Enrolada naquela poesia...

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Vendaval

Olhos fechados
o batuque vibrava
Olhos abertos
glitter, purpurina
Led, neon...
O bloco irradiava
em todos os cantos
de amor,
de revolta,
de esperança...

E todo dia isso
chovia suor, saliva...
Goles, doses, lágrimas,
amores líquidos...
A alma era lavada,
Meu coração era levado...

Foi paixão a primeira vista
Um casamento aberto com a multidão

Eu te perdia
Me encontrava
Te encontrava
Nos perdíamos
Nos encontrávamos

Foi tão lindo!
Uma Ilusão real,
Um vendaval que passou,
Um carnaval que ficou...

(A)(re)voada

- Onde você vai?
- ...
Eu voo andando sem rumo
Flutu
Ando
Entre nuvens e calçadas
Até por acaso o destino me encontrar...

Cacos de meu feed

Não sei o que sou, eu sou estranha, assimétrica, feia, não consigo seguir os padrões, estou com t.o.c de mim mesma. Às vezes acho que sou aqueles jogos de ilusão de ótica que você enxerga uma imagem e depois de tanto olhar enxerga outra coisa.Eu via uma flor, mas agora vejo um monstro. Estou com medo de mim. É o século XXI aterrorizando nossas mentes. Por favor me leve para o começo do século passado por favor. Meu deus...estou ficando louca.
.
.
.
Mas acabou, eu não aguentava mais! acabou!
Eu joguei meu celular no meu espelho com toda força que tinha e tudo virou estilhaço. O alívio foi tão grande!
E eu percebi ao juntar os cacos que sou um mosaico louco e bagunçado. Percebi que posso criar meu próprio padrão. Foi aí que aprendi a me apreciar. Não preciso mais de filtros.

domingo, 14 de abril de 2019

Lua de Sangue



Viver banhada de luz é sempre muito bom, mas às vezes precisamos nos recolher. Às vezes é o momento de entrarmos dentro de nossa casa, nosso quarto, fechar as cortinas e refletir. Quem é você? O que se tornou? Quais seus planos para o futuro? Como pode se tornar uma pessoa melhor?

Às vezes precisamos ser raízes e não apenas folhas e flores. Precisamos descobrir a profundidade do que somos, enraizar e buscar o que nos alimenta, o que nos faz feliz. 
E não, nós não estaremos nos escondendo, não estaremos fugindo de quem somos. 
O sol às vezes cega, às vezes queima... Precisamos de um pouco de sombra para enxergar nossa própria escuridão. 
Precisamos respeitar esse momento porque assim nós iremos brilhar de um jeito diferente. 
Nossa luz não se apagará, mas se transformará. 
Seremos como a cor roxa avermelhada da lua em um eclipse lunar. 
Seremos como a lua de sangue pulsando em nossas veias, nossas raízes... 
E ao amanhecer, nos sentiremos mais fortes para abrir nossas cortinas e sentir o sol nos tocar e nos fazer renascer, como uma flor que acaba de desabrochar.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Carne Viva

Tirei minhas roupas
E me despi de mim
A pele fina descamava
Membrana por membrana
Em nirvana
Meu corpo queimava

O simples toque do vento
Ardia minha alma

Não sentia mais o peso daquela carcaça

Nunca pensei que seria bom
Me sentir em
Carne
Viva...

domingo, 17 de março de 2019

Etéreo-postal

Apreciar
Sem pressa
Essa é minha prece

A paisagem como uma passagem
Para o futuro e para o passado

Tão doce
Como os sonhos da infância
Tão forte
Como a energia da terra...

E é essa sensação
de permanência e transformação
que agita minha multidão...!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Eternizar a beleza do efêmero

Eu e o meu vício em fotografar pássaros e borboletas. É a beleza da liberdade que esses seres vivem que me encanta, seja alçando voos e deslizando leves no céu, seja coletando o néctar das flores ou então pousados em árvores e telhados apreciando o horizonte.
Eu aprecio e me pergunto, de onde vieram? para onde vão? quanto tempo de vida possuem? quanto tempo de vida ainda lhe restam?
Seja no caos da cidade ou na calmaria do campo, continuo firme a fotografá-los. Quantas vezes interrompi aqueles momentos  robóticos do cotidiano para apreciar um pássaro que pousou no poste da rua ou uma borboleta que passou rapidamente por mim, corria doida atrás da câmera, mas quase nunca consigo captá-los a tempo, mas ás vezes também apenas aprecio imóvel, não quero sair para não perder a cena. Fico dividida entre fotografá-los apenas com olhos ou também com a máquina. 
E eu me pergunto, por quê ouso fotografá-los? será uma maneira de aprisioná-los imageticamente no tempo? Por que essa necessidade incessante de objetificar aquela imagem? pensando assim parece até cruel. Será?
Mas eu quero lembrar de todos os detalhes, eternizar a beleza do efêmero!
Mas tudo bem! Entendo que talvez essa seja uma forma saudável de apego, talvez seja uma bela maneira de criar e caçar pássaros, alojá-los e apreciá-los em fotografias e boas memórias. Como diz Letuce "acompanha o pássaro, mas não atrapalha o voo, não tente olhar com as mãos, estar perto requer outros dons...".