sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Rouco desabafo

Hoje minha garganta dói muito. Não pelo tanto que falei, mas pelo pouco que reivindiquei quando necessitaram tanto de minhas palavras fortes. Talvez o medo e o susto me impediram de verbalizar bem alto aquelas injustiças. Sigo paralisada, inebriada em inércia, em autoexílio da verdade. Somente o tremor de minha mão pode gritar bem alto em papéis a agonia que sinto, rabiscando trêmulas palavras, como as linhas lentas de minha pulsação. Estou em doença crônica da realidade.  Estou cansada, a vida me dói, corrói minha garganta no jorro daquelas palavras feridas engasgadas. Preciso de gritos unidos, de mãos trêmulas que apertem forte, preciso da corrente, da ciranda e de nossa canção.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Insônia do pensamento

A insônia de meu pensamento mexe e remexe sobre a cama em sonhos e palavras acordadas, escorridas em lençóis da madrugada.
Hora vem, hora vai em vão. Escorrendo pelo chão, como quem corre sem destino, logo caindo em chuvas de solidão sobre o telhado, em sons de cheiro de passado como criança brincando sobre a chuva.
Tento adormecer minha angustia hiperativa, mas não consigo. Quero tudo e nada, agora e nunca. Mas meu agora se faz nada, meu nunca mais, tudo. Não sei o que fazer, nunca soube como escolher, agora está tudo embaralhado. Confundo-me fundo, estou eu confusa sem estar? Ou confusa vou sempre ficar por confundir a paixão, da confusão e da ilusão?- Não sei, é somente o que digo quando respiro confusão. Confusa? É o que sou e ando nem mais andando de tão cansada que estou de confundir meus passos. Cansei sem cansar, em exaustos sonos em claro ao som dos galos a cantar. Em mente pesada que sobre os colchões dorme afundada, afogada.
Sinto-me perdida em fronhas, lençóis e almofadas, perdi a hora de acordar. Agora apenas te peço pensamento pare um pouco de dançar, vá ao menos cochilar, preciso do mínimo de silêncio para que possa leve levantar.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Dos pés da loucura

Meu teto não é só concreto
É o chão estilhaçado dos pés da loucura
Em cacos espelhados pelos universos infinitos
Como estrelas florescentes
Ao céu das mentes iminentes

O teto não é o limite e sim o princípio
Sem meio e sem fim
É nuvem branca da criação
Batucada dançante de meu coração
Sonho da res-piração
Para quem caminha a ponta-pés
para fora das insensatas margens afogantes


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Precisamente o incerto

Edifica-me assim em ruas irregulares, passos incertos, olhar de mistério, idéias de retalhos. Eu não preciso de seu caminho concreto, de seu porto seguro, não preciso de seus holofotes gigantes e de seus faróis inseguros. Preciso da metamorfose do escuro, da cor da imaginação e eu não preciso precisamente do que esperam. Preciso da dúvida e do mistério, do risco e da adrenalina de pular em hemisférios com pés firmes na ousadia de atingir em sumo a loucura do que é ser.
Preciso cantar em números embaralhados o tempo que a de vir, como as páginas soltas dos livros em que conheci. Preciso da bandeira de cada vida em que me descobri, turistar para sempre em rumo sem direção. Sem precisar do teu relógio nem da tua bússola, a minha busca é pelo inexato, preciso apenas do tempo como o sol e a lua a vir sem hora pra chegar e a sair sem hora pra esperar. E nada mais importa, pois sempre é tarde para se descobrir, mas nunca para se redesdescobrir.