terça-feira, 5 de setembro de 2017

Preto e branco

Mas que dó!
Poderia ser colorida.

Como poderia não colocar as cores do céu, do mar, da vegetação e daquele mix de cores em volta da sua pupila que se expandem e se misturam como um caleidoscópio... Como a água de um rio que corre em ondas após ser atingido por uma pedra?

Eu sei, é uma escolha difícil, mas eu optei pela poesia do preto e branco...
As cores estão ali, mas não estão.
Aquilo é real, mas não é.
É simples...
Como aquele rabisco seu que eu fiz...
Como aquele bilhete que deixei na sua mesa...
É simples...
como as coisas deveriam ser

vistas

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Agora

Mas
e
se...?

Se
não
si
é

se
vive
em
se...

se
vive
em
vão...

e
se
vão...

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Eclipse poético

Chovia lá fora...
as gotas de chuva batiam lentas na minha janela de vidro
eu podia ver as luzes da cidade se escorrendo...
E todos aqueles prédios, todos aqueles quartos...
todas aquelas lâmpadas
se acendendo
se apagando...
As pessoas chegando e partindo
acordando e dormindo
sonhando...
...
E está nublado e não dá pra ver a lua...
então fecho meus olhos, respiro essa brisa...

Mas para que direção estará a lua?
aquele satélite natural que está preso a esse planeta
e modifica toda nossa maré
nosso mar exterior, interior...

Minha lua em leão...
Seu sol em leão...
que doido!
coincidência?
Agora entendi...
Nunca ficaremos juntas,
mas não existimos uma sem outra
como sol e lua...
O que teremos no máximo é um eclipse...
Um eclipse solar que pode durar no máximo cerca de 7 minutos
ou um eclipse lunar de 30 minutos ou pouco mais de uma hora...
Bem breve, raro, lindo...
...
"vento solar e estrelas no mar... a terra azul da cor de seu vestido..."

Nossa!...fui longe....
mas agora abro meus olhos e volto ao meu quarto, ao meu som, à minha janela...
escuto o disco de Clube da Esquina junto com o barulho da chuva...
"Ah... Sol e chuva...Na sua estrada..."
como é bom estar aqui
embarcada nesse planeta
vagando pelo universo
girando...
em movimento de rotação, translação...
em misterioso ciclo...
boiando em finas camadas de terra
que se chocam
sob um volume infinito de magma
que se exalam
e surgem vulcões
erupções
montanhas
planaltos
planícies
depressões
dunas
escudos cristalinos
vales...
E os rios continuam seguindo seu caminho
continuam desaguando no mar
e os animais continuam a migrar...
A geografia é poesia...

E de repente...Silêncio!

Ah, o disco acabou!

Preciso colocar outro...

terça-feira, 18 de julho de 2017

Frete

Eu estava andando na rua em direção a parada de ônibus quando olho um  papel colado em um poste escrito "fazemos pequenas e grandes mudanças" e o número de telefone... E eu tinha acabado de sair da minha psicóloga, ainda com todos aqueles meus dilemas internos, aquelas limitações de minha personalidade que queria tanto que deixassem de existir...
aí em um instante eu pensei em ligar... "quanto custa o frete para grandes mudanças?", mas aí o ônibus chegou e eu corri para não perdê-lo... Não deu tempo de anotar o telefone e nunca mais achei esse papel.... e agora?

Biodegradável

Encontrei aquelas cartas de amor... de amores....
fazem o que 10, 12 anos?
O papel e a tinta ainda estavam intactos.
Até as palavras escritas à lápis ainda estavam intactas...
Era como se pudesse ver aquela caneta, aquela mão, rasgando suavemente o papel...
jorrando delicadamente amor e paixão em forma de tinta...
seria uma caneta bic? ah... também tinha aquelas porosas que eram super caras...
é como se eu vesse essa caneta, esse pulso firme, pulsando amor... era como se eu vesse esse rosto pensativo ao escrever... era como se eu vesse...
Quando olho para aquelas palavras marcadas naquele papel eu vejo...
Que bom que o papel ainda está intacto e com as palavras cravadas com tinta, mas eu fiquei pensando...quantos anos vai durar esse papel até se deteriorar?
Mesmo que eu continue deixando-as ali dentro daquela maleta azul em um móvel junto com livros e vinis antigos, que escutava na vitrola do meu avô, um dia elas irão se deteriorar, né?
Eu não queria... até pensei em a partir de agora só escrever cartas de amor em latinhas de alumínio ou garrafas de vidro... Aprendi na escola que o vidro demora 1 milhão de anos para se decompor! que loucura! Nosso amor (efêmero?) atravessaria milênios! será?
Ah... loucura minha...
Aprendi na escola que devemos reciclar os materiais, que devemos usar o máximo de material biodegradável... Mas que triste pensar em cartas de amor biodegradáveis não? Ah, para que ficar pensando nisso? aposto que muitas cartas que enviei aos meus amores já nem existem mais... foram jogadas no lixo junto com vários papéis velhos e com certeza destinadas a um lixão onde passaram por chuva, vento, chorume e se deterioraram rapidamente... Ou será que algum catador de lixo ou um louco poeta ou ator pegou? será que virou poesia? espetáculo? ou curiosidade de alguns... será que inspirou alguém?
Ah... será que sou tão apegada as palavras antigas de amor cravadas em papel? acho que não... Sou apegada à lembrança que elas me trazem e à capacidade de me levar de volta à aquele tempo, à aquele sentimento... Mas eu sei que mesmo elas se degradando eu ainda irei lembrar daqueles sentimentos...
De qualquer forma ainda escrevo cartas em papéis, plásticos, vidros...
Mas ultimamente ando escrevendo na areia da praia, no vidro embaçado do box do chuveiro, nos corpos nus arrepiados de amor, no tronco das árvores e nos muros da cidade...
Deixo uma palavra em cada lugar, assim elas ficam livres... e biodegradáveis...se decompondo na natureza, sem o perigo de serem resíduos acumulados na natureza e apegados à sua forma...
Hoje minhas cartas são biodegradáveis, renováveis...

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Desancorar

O fluxo sanguíneo acelerou
pulsando incessante
como uma tempestade em alto mar

E é tão bom...
subitamente me sinto viva

Afinal,
"todo bom marinheiro sabe a beleza da tempestade e do porto seguro"
tá vendo?
acabei de criar esse ditado 
ou ele já existe?

mas é isso
é hora de desancorar!