sexta-feira, 17 de abril de 2020

Oásis

Contemplo
aquela paisagem que construí
sobre vestígios seus
escombros que escondi

Na moldura do olhar
destroços da memória
cicatrizes do tempo
rugosidades do espaço

Eu tenho meus pés no chão
mas a poeira dos meus passos logo se juntam àquelas nuvens

Eu caminho sobre as ruínas da realidade
mas viajo pelos sonhos do horizonte

Naquela estrada oásis
vejo você se aproximando

É só vertigem

Fecho meus olhos 
e a paisagem se apresenta igual

Continuo a caminhar
admirando aquela imagem
panorama reverso
refração da memória
naquele trajeto miragem

domingo, 5 de abril de 2020

Meus cabelos ao vento

Às vezes me sinto pesada como rocha
Paralisada
Intacta
Mas meus cabelos ao vento
me levam

Enraizando no ar
meu corpo se desfaz em duna
mergulho em mim
naufragadas certezas

Meus cabelos ao vento
se agitam como árvore frondosa
dissipam sementes
pulam como o respingo das ondas
espumas salgadas

Meus cabelos ao vento
são como um véu de chuva
correm cachoeiras
um brilho nascente
dançam como um barco a vela
derretida em fumaça

Meus cabelos ao vento
mostram que continuo forte
sem o peso das rochas
mas resistente como um grão de areia
e é isso que sou