sábado, 18 de dezembro de 2010

Alagada, interditada.

Era só
luz
água 
e reflexo
...
Na verdade
você nunca caminhou comigo
apenas caminhei sobre os poças de minha ilusão


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Não tenho mais vontade de me encontrar com ela, mas tenho vontade que ela queira me encontrar, me resgatar.... mas desta vez sem medo.
Talvez ela venha, talvez outra, talvez alguém ou talvez eu mesma....

sábado, 13 de novembro de 2010

Copo Azul

Respiro goles de café
quente e amargo
meu óculos embaça e desembaça
como um instável temporal a cada expiração

e não bebo em pequenas xícaras
bebo em grandes copos azuis
para sentir teu calor ardente
assegurado em minhas mãos

minha visão se limita apenas ao esvair do café no copo
pouco a pouco meu reflexo vai se esvaziando
dando espaço à distorcida visão azul de ti
afogada em minhas insônias

mas o forte toque do copo à mesa me diz:
não estás aqui...
Pequeno delírio azul.

sábado, 16 de outubro de 2010

Caixa Branca

Más são as grades que me deixam te ver... 
Apenas uma fria visão chuviscada de uma TV mal conectada
Uma rede jogada no fundo do mar me arrastando como peixes desesperados
Uma peneira cruel nos separando

Não gosto do vento dividido que transpassa as grades são como tiros em mim, 
o vento passa como se ali nada existisse
não há peso, não há vida, 
nem a tempestade é capaz de levar...

E eu não gosto de respirar o ar por brechas 
como um animal que se mantém conservado para uma morte futura...
Como um pássaro engaiolado que canta por liberdade...

Estou preferindo os muros que me fazem esquecer do incansável horizonte
Prefiro viver no branco das paredes e do teto
Eles se fecham....
E no escuro interior de minha caixa branca, que o vento arrasta pelo mundo...

Tão criminosa que sou 
ainda tenho vida perpétua 
em minha imaginação!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A cada página um risco, a cada capítulo uma letra...

Ela 
escreveu sua poesia na lateral de  meus livros, por cima da espessura daquele amontoado de folhas juntas e agora é difícil apagá-la de mim, pois ela não é uma simples folha que quando arrancada não faz muita diferença...

Ela é toda a minha história, todas as minhas palavras...

A cada página um risco, a cada capítulo uma letra.

Deslizo as folhas de meus livros rapidamente sobre meus dedos e vejo a poesia dela ser rapidamente formada, em poucos segundos li todas as minhas inúmeras páginas com apenas uma palavra:
Ela

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Piercing na língua

Meu alimento é apenas o anzol
sou sua presa
por isso peço
apenas jogue este anzol
que terei o prazer de mordê-lo

mesmo que seja por ilusão
desafogue minha solidão
desafogue minha sede

teu beijo será como uma respiração boca a boca
ficarei jogada na areia como um peixe sem ar
mas não importa...

meu piercing na língua é apenas a marca de tudo isso...
na verdade fui fisgada..me deixei fisgar...

mal sabem os pescadores que os peixes escolhem morrer
para sentir o oxigênio da loucura...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Gelo

Eu só caminhava sob o gelo
o tempo inteiro deslizando sob meu reflexo

Pisava em meus pés
e meus eus dançavam
sincronizados
em uma grande coreografia

No meu norte dançava a quente consciência
no meu sul a fria ilusão

Como imã
assim era o gelo que separava e juntava as coisas


segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pássaro de folhas

Gosto de ver as árvores
de baixo pra cima

Deitada em sua brisa vejo suas folhas balançando
irradiadas pelo sol

Ali me sinto pássaro
As folhas são minhas penas

Flutuo entre terras e nuvens
batendo asas entre o consciente e o inconsciente
         
Minha sólida sustentação se dissolve
Me desprendo das raízes do mundo
E apenas voo
como um pássaro pairando 
com destino o infindo...

domingo, 25 de julho de 2010

;

acabou?
na verdade nem sei
não teve um ponto final
nem mesmo reticências
você estava bêbada
não me reconheceu
e me deixou apenas um ponto e vírgula

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Folhas Secas

Não te darei flores
não quero que me guarde esquecida  entre as folhas de um diário antigo

Não te enviarei cartas de amor
deixarei que meu cheiro te encontre na multidão
que ria sozinha lembrando de nossos momentos engraçados

Nosso amor não pode ser arrancado, escrito
e presenteado como forma de prova...
Ele é apenas a chuva que nos rega
para que continuemos florescendo
a inspiração que nos envolve
para que continuemos escrevendo

Não é somente matéria
é energia

Saiba que mesmo distantes
estaremos juntas para sempre

enraizadas
como terra e planta

e quando o vento trazer folhas secas até o seu quintal,
lembre-se que elas são o meu verdadeiro presente pra você:
O nosso amor se renovando...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Asfalto estrelado


Vago só pela noite
espreguiço-me no asfalto frio
quis sentir o sereno da cidade 
e enquanto todos dormem
as estrelas 
mostram que não estou só



quarta-feira, 7 de julho de 2010

Faça um pedido

Assopro velas
sonho
acordo
e acendo novamente as velas

Presentes
eu ganho toda hora
hoje e sempre é o meu dia

De olhos fechados
crio asas
caio no buraco da minha cama

Flutuo
danço
improviso

Em minha memória
construo meu filme
e do futuro
deixo apenas o vermelho vinho
dos filmes não revelados...

sábado, 26 de junho de 2010

"...

"Não há nada para explicar
os sentimentos são fluidos intensos demais para querer concretiza-los
a concretização é limitada

A vida é assim
sem forma
sem palavras
apenas aspas
que se abrem
mas não fecham
e reticências...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Falta de inspiração

minha inspiração está em atrito com minhas palavras
por fora sou somente folhas brancas
minha caneta está falhando
as palavras estão na ponta do pensamento
mas não saem para o papel
atrito
atrito
atrito
a folha se rasga
a caneta se quebra
um ser falante em um mundo de mudos
apenas eu sei
apenas eu me escuto
eu sei o segredo
a poesia é o código
está dentro de todos nós
todos somos poetas
mas nem todos temos uma caneta que preste...
fica-se só a intenção nas folhas brancas

mas de que vale a intenção nesse mundo?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Liberdade

Somos chave e prisão, quem decide nossa liberdade somos nós mesmas. Andei pensando nisso. É estranho... de uns tempos pra cá me sinto tão presa, mas ao mesmo tempo livre. É como se fosse uma "prisão móvel.

Caminho... Mas a visão do horizonte continua com cinzas riscos de minhas grades.

Queria sumir, sumir de mim... Me esvaziar deste corpo-prisão, trancar as grades e jogar a chave lá dentro, para nunca mais voltar... Me esvaziar por completo...

Mas assim não seria nada , nem chave nem prisão, não seria nem liberdade nem solidão?
Talvez seria o mundo...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Rabisco teu

Te guardo no meu corpo
tu és a roupa que visto
minhas tatuagens
minhas cicatrizes
meus sinais

Teu cheiro
teu abraço
teu calor
estão em mim
guardados
colados
me movo leve
para que teu frágil amor não se quebre

Tuas histórias
tuas palavras
tuas poesias
teus sussurros
estão escritos por todo meu corpo
e teu nome está rabiscado na palma de minhas mãos
e eu as aperto forte com medo de te perder

Só ando debaixo de meu guarda-chuva
para que seu nome não se dissolva de minha pele

Mas o tempo passa
e um dia a chuva vem
e o vento vem...

E leva tudo...

lava tudo...

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Hoje preciso que minhas lágrimas se juntem a água morna de meu chuveiro, preciso me lavar por inteira, sinto-me suja, sinto vergonha, preciso do barulho forte da ducha batendo no chão para que não me escutem chorando e tudo que quero é que peiteem meu cabelo e me botem pra dormir...

Cortina de estrelas

Continuo só...
Por baixo de meus lençóis bagunçados
de noites mal dormidas, sonhos mal contados...
Ainda durmo abraçada com meu violão sem cordas
em minha eterna noite sem fim...
Cobrindo o sol de meio dia;
resta-me apenas as estrelas desbotadas de minha cortina,
minhas canções tocadas na memória
e seu cheiro na cama...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Espelho


Frágéis
minhas palavras rabiscadas com saliva e dor
se fragmentam e se perdem no espaço
minha imagem fria e concreta se dissolve
em amnésia e medo
meus olhos me olham vagos e ligeiros
sinto-me desconhecida

meus sonhos como a poeira da estrada
ficaram para trás ao crepitar do ar

e assim me enxergo sem me enxergar
e assim vivo sem viver

caidos no chão
só restam meus cacos...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Modo Random

Talvez seja mesmo
o guia do acaso
que trouxe você até mim
eu realmente não te enxergava
apenas caminhava
fugindo do cansaço
do tédio estático do passado

Mas olhando o horizonte distante
te sentia em meu interior
tocar-me em brisa

Hoje sei que
o que realmente move o mundo
não se pode ver
somente se enxerga
em reflexo do que se sente

E foi ali olhando para o horizonte
naquela noite
que nos encontramos
pude te enxergar em reflexo
distante aproximar-se

passo
a
passo

Em cada passo tua imagem
tornava-se mais clara para mim
e meus sentimentos também
em cada passo lento
o pulsar de meu coração
se acelerava
meu céu ficava nublado de sentimentos
condensados em chuva de desespero e renovação
e assim nos encontramos

Nossos passos perdidos
entre o céu e vento
se encontraram
caminhamos agora juntas
não estamos mais perdidas
chegamos aonde queríamos chegar

Se nossos passos são incertos
e não sabem para onde vão
não importa

Por isso hoje
escuto minhas musicas no aleatório
e sinto entre elas um espaço vazio incerto
como nossos passos
guiados pelo acaso
no com-passo da música

Acho que talvez seja o vento
o grande mistério
entre cada canção

E quando a canção está perto do fim
sinto um calafrio em meu peito
não sei qual será a próxima
mas até agora
todas me levaram a você
com sua voz cantando em meu pensamento
e levando-me ao pertinente mistério da paixão.