domingo, 31 de maio de 2009

Redemoinhos de mim


Redemoinhos de mim mesma corriam fugaz, tentando descobrir lá no fundo o que realmente eu queria, qual era a verdadeira superfície de meu oceano sem fim, puxando ilusões para a dança das marés. Elas tentavam me afogar, minha consciência rodopiava, mexendo a colher no mar de meu eu, que é frio de tua ausência e escuro de teus mistérios, cirandando em triste festa ao som de seu bolero.
Então embriago-me daquele meu copo vazio, transbordado de ilusão; em grandes goles delirantes de subconsciência, quero esquecer cada vez mais de tua ausência. E entre um gole e outro você me aparece de novo, em um tombo repentino de minha consciência que se fere e chora frente aos meus olhos, e grita para meus ouvidos o que estes antes não sabiam escutar.
Tento segurar-te, sentir-te novamente em arrepio, mas o mundo me deixa tonta com meus redemoinhos embriagados, e você sempre vem como se estivesse voltando. Não quero te perder, por que tu és o que eu realmente sempre quis e o que sinto é tão forte, que me afoga de tanta beleza.
Posso acabar por morrer em mar aberto às vistas do paraíso, e ele me olhará belo com olhos de angustia e nada poderá fazer. Fui eu quem mergulhei na embriaguez de mim mesma, dos redemoinhos de meu copo vazio cheio de minha ilusão, e mexi a colher de meu pensamento cada vez mais a cada dia que passava, dissolvendo o doce na amargura, em tentação e loucura. E agora é tarde e já estou presa às águas do paraíso de tua consciência.