domingo, 24 de agosto de 2008

Prantos de narciso

Mascaradas alegrias
contornam teus olhos
tornando-os únicos mistérios
que de ti posso ver

Pois o que de ti resta é
apenas fantasia

Tua pele ardente macia
bordando estreladas utopias

E em minha rua o carnaval é eterno
e lá te enxergo claramente nua
como uma velha cega

Tu por lá andas
cantarolando e
desfilando entre sambas
ao som de trompetes
que de teu sorriso
fazem chover confetes

Só eu te enxergo clara e incerta
te escolho e te visto
te visto de mistérios
abotoados adultérios

Meu bem se tu soubesse
como te quero...

Quero-me para ti
te quero para mim
trilhar por tuas ilusórias
trajetórias de teu corpo-fantasia

Porém minha mente te mente...

Tu és minha imaginação
tu me és, paixão
fruto de minha criação

Nosso amor é impossível
pois me ter em ti já é um vício
por isso me afogo em prantos de Narciso...

domingo, 3 de agosto de 2008

Absurdo é o fruto


Gorjeando seus prazeres
fazendo de dois
apenas um só ser
um só gemer

Do fruto surdo-absurdo
piscavam em júbilo
formigando fantasias
palpitando alegrias

Despiam receios
em ânsia de se perder
para sempre
nus em seios

semeando
semens
dissolviam-se
em cheias veias
amamentavam ceias
ao qual junto saboreias
e dançam em seita
suas próprias receitas

organizam
em fileiras
e desorganizam
em desordem alheias

contínuo e uniforme
em êxtase contingente
andavam rápido-lento
forjando fulgores
calores
dores-amores

Controlando o já descontrolado
transpiravam
e sentiam o mundo tocá-los
fino e leve
agudo e profundo

E em ócio transbordam
agora feitos e satisfeitos

E chegam a mais um
fim sem fim
de mais uma ânsia
da exuberância

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Grito íntimo

Daquele ruído de vozes jamais roucas
se fazem gritarias íntimas
algazarras verbais
e porções de palavras
que sossegam ao escuro fundo
de meus sintonizados
pensamentos de mundo