sábado, 16 de outubro de 2010

Caixa Branca

Más são as grades que me deixam te ver... 
Apenas uma fria visão chuviscada de uma TV mal conectada
Uma rede jogada no fundo do mar me arrastando como peixes desesperados
Uma peneira cruel nos separando

Não gosto do vento dividido que transpassa as grades são como tiros em mim, 
o vento passa como se ali nada existisse
não há peso, não há vida, 
nem a tempestade é capaz de levar...

E eu não gosto de respirar o ar por brechas 
como um animal que se mantém conservado para uma morte futura...
Como um pássaro engaiolado que canta por liberdade...

Estou preferindo os muros que me fazem esquecer do incansável horizonte
Prefiro viver no branco das paredes e do teto
Eles se fecham....
E no escuro interior de minha caixa branca, que o vento arrasta pelo mundo...

Tão criminosa que sou 
ainda tenho vida perpétua 
em minha imaginação!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A cada página um risco, a cada capítulo uma letra...

Ela 
escreveu sua poesia na lateral de  meus livros, por cima da espessura daquele amontoado de folhas juntas e agora é difícil apagá-la de mim, pois ela não é uma simples folha que quando arrancada não faz muita diferença...

Ela é toda a minha história, todas as minhas palavras...

A cada página um risco, a cada capítulo uma letra.

Deslizo as folhas de meus livros rapidamente sobre meus dedos e vejo a poesia dela ser rapidamente formada, em poucos segundos li todas as minhas inúmeras páginas com apenas uma palavra:
Ela