sábado, 25 de abril de 2009

Antes da partida


Sinto minhas unhas grandes e pontudas, como pôde eu deixar minha vida crescer tão desordenadamente? Percebo-me debruçada sobre a cama após acordar de pequenas porções de sonecas da tarde, eram rápidas, mas quando havia me dada por acordada já era noite, que sensação ruim me trouxeram em fria febre encharcada de sonhos, me deixaram febril e completamente desiludida, agora já nem sei mais que dia é hoje. Afinal, quantos segundos terão uma hora em sonho? A vida dos sonhos é mesmo desconhecida, seus segredos são tão singelos que só quem sabe são os homens bobos de amnésia. Talvez tenha mesmo passado algumas férias no mundo abaixo dos lençóis da tarde, me esquecido do abrir dos olhos.
Porque agora percebo o crescer ignorante de meu físico limitado, também como pude eu tentar dividir-me em duas "vidas"? Acabei esquecendo-me da outra parte deitada sobre a cama. Eu não tive culpa, apenas corria em alma colorida, não me lembrava do suor e da dor, da ligação entre vontade e força. Não sei mais atravessar a ponte quebrada: Não sei mais andar sem cair, me tocar sem me ferir.
É assim que me sinto: Em frouxa segurança, arrastada negligência. Como um Baobá que cresce sem limites enraizando seu mundo de um lado ao outro e se partindo. Meu mundo ainda não partira em pedaços, mas está preste a se espalhar pelos universos.
Quem sabe então, eu seja mesmo este grão de negligência colorida em mundos vizinhos, nos jardins verdes de cultivo, ou quem sabe nos desertos dos poucos perdidos. Partirei-me não para um lugar certo, nem de vez em vez, hei de partir-me em pedaços por várias terras inimagináveis.
Mas por enquanto, ainda sito-me ferir com minhas barreiras que deixei crescer. Quero tocar-me novamente, sentir em sumo a pele macia que guarda tantos fogos desconhecidos de luz e vida. Mas ainda não consigo, minhas unhas compridas me ferem, fico em desespero, nem o macio toque das mãos ao rosto e cabelos, aquele jeito involuntário de aliviar o que não se pode ver, posso fazer sem ferir-me. As barreiras me ferem, tento derrubá-las, mas apenas encho-me de arranhões, vermelhidões da separação.

4 comentários:

Café Marques disse...

Meus sonhos vespertinos são estraçalhados pela minha rotina que me fere sempre que me sinto cansado e não consigo me deitar... Nem mesmo cochilar eu posso. Deves se sentir invejada?

Pequen(A)mar disse...

um sonho bom ou um pesade-lo?

Acordar é o mais difícil...

A inérgia de anestesias e aminésias acorrentam-nos sob os lençóis do isolamento...

Sim, sim,
Acordar!
Acordai. ;D

Lindo/a poema/prosa...

Pequen(A)mar disse...

pesadelo*

Pequen(A)mar disse...

pode onde andas?

nunca mais nos vimos...