Arranquei nossas palavras do meu caderno, mas o tempo te gravou em mim como aquelas tatuagens que só podem ser vistas sobre a luz negra. Achei que tinha me livrado, mas as lembranças ainda saltam em mim como aquelas palavras em relevo que ficaram nas nas páginas em branco seguintes. Deslizando a mão sobre esse vazio, eu sinto a intensidade da nossa história em expansão, leio a poesia do nosso encontro me atravessar. Eu percebi que apesar de ninguém conseguir ver, eu não consigo te apagar de mim.
"Sempre buscando descobrir as palavras nesse jogo lírico em que os sentimentos se cruzam e se perdem na poesia do pensamento...
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Vapor
Seu olhar embaçou meus espelhos internos. Sua voz transpirava, a pele abafava minhas certezas. A respiração apagava qualquer caminho de fuga. Sentia seu calor dilatar minhas vias e seguia perdida naquela nuvem de vapor. Estava envolta naquela poesia, mas precisava fluir. Eu escancarei.
Assisti a poesia dos espelhos desembaçar, o cabelo embaraçar, o vento me abraçar.
Já era tempo de voar, chover longe dali.
segunda-feira, 20 de julho de 2020
sexta-feira, 12 de junho de 2020
Anteparo
Me deparei com aquela sombra emoldurada na parede, parecia pintura. Eu fiquei ali observando aquela obra abstrata animada, um quadro fugaz de circunstâncias sobrepostas, obstáculos temporários. Tentava decifrar o que estava projetado naquela sombra. Eu estava ali? Qual foi o caminho percorrido pela luz? Não sei. Anteparo e sigo imóvel, meu corpo e meu pensamento se perdem em justaposição. Percebo como aquela sombra é tão real e concreta quanto aquela parede, mas a parede segue fixa e a sombra segue transmutando leve sem passos ensaiados. Foi ali que me enxerguei. Hoje não quero ser espelho, não quero ser fotografia, não quero ser pintura, quero ser como aquela sombra na parede... Quero a sombra das dúvidas, me projetar sem planos, sem cálculo, sem esboços, sem rascunhos, me agarrar no concreto, no agora, sem autoria, sem curadoria.
sábado, 6 de junho de 2020
segunda-feira, 11 de maio de 2020
sexta-feira, 8 de maio de 2020
sexta-feira, 1 de maio de 2020
Poeira dançante
Pelas brechas furadas da minha cortina,
a luz entrou...
As partículas de poeira dançavamsaltitantes no ar
As paredes piscavam
como estrelas cadentesMeu quarto estava em festa
Filetes marcavam minha pele
Me vestiam por inteira
Um banho solar
acordava meu corpo lavava minha alma
Me levantei
Abri a cortina Escancarei portas e janelas
Já era hora de se despir
tirar as roupas guardadas do armárioPosso escutar o barulho da água caindo no balde
Torcendo minhas lágrimas daquele sentimento guardado
limpando aquelas histórias empoeiradas
Posso escutar aquele rasgo
Arrancando aquelas folhas amareladas
repletas de linhas que nunca foram preenchidas
repletas de palavras mofadas cravadas que nunca saíram do papel
Agora posso sentir aquele cheiro de livro novo
Deitar no chão brilhoso de peito aberto
desabrochada
regada
sentindo o ar puro me balançar
segunda-feira, 20 de abril de 2020
sexta-feira, 17 de abril de 2020
Oásis
Contemplo
aquela paisagem que construí
sobre vestígios seus
aquela paisagem que construí
sobre vestígios seus
escombros que escondi
Eu tenho meus pés no chão
mas a poeira dos meus passos logo se juntam àquelas nuvens
Eu caminho sobre as ruínas da realidade
mas viajo pelos sonhos do horizonte
Naquela estrada oásis
vejo você se aproximando
Na moldura do olhar
destroços da memória
cicatrizes do temporugosidades do espaço
mas a poeira dos meus passos logo se juntam àquelas nuvens
Eu caminho sobre as ruínas da realidade
mas viajo pelos sonhos do horizonte
Naquela estrada oásis
vejo você se aproximando
É só vertigem
Fecho meus olhos
e a paisagem se apresenta igual
Continuo a caminhar
admirando aquela imagem
panorama reverso
refração da memória
naquele trajeto miragem
admirando aquela imagem
panorama reverso
refração da memória
naquele trajeto miragem
domingo, 5 de abril de 2020
Meus cabelos ao vento
Às vezes me sinto pesada como rocha
Paralisada
Intacta
Mas meus cabelos ao vento
me levam
Enraizando no ar
meu corpo se desfaz em duna
mergulho em mim
naufragadas certezas
Meus cabelos ao vento
se agitam como árvore frondosa
dissipam sementes
pulam como o respingo das ondas
espumas salgadas
Meus cabelos ao vento
são como um véu de chuva
correm cachoeiras
um brilho nascente
dançam como um barco a vela
derretida em fumaça
Meus cabelos ao vento
mostram que continuo forte
sem o peso das rochas
mas resistente como um grão de areia
e é isso que sou
Paralisada
Intacta
Mas meus cabelos ao vento
me levam
Enraizando no ar
meu corpo se desfaz em duna
mergulho em mim
naufragadas certezas
Meus cabelos ao vento
se agitam como árvore frondosa
dissipam sementes
pulam como o respingo das ondas
espumas salgadas
Meus cabelos ao vento
são como um véu de chuva
correm cachoeiras
um brilho nascente
dançam como um barco a vela
derretida em fumaça
Meus cabelos ao vento
mostram que continuo forte
sem o peso das rochas
mas resistente como um grão de areia
e é isso que sou
segunda-feira, 30 de março de 2020
Por que lutar?
Por que lutar?
A vida é bandida
É causa vencida
Criança atingida por bala perdida
Por que lutar?
O sistema contagia
Prolifera na cidade
Miséria, desigualdade
Vírus, pandemia
Racismo, machismo, homofobia
Por que, então, surtar?
Porque o sistema corrói nossa mente
Por que, então, não desfrutar?
Porque a fome ainda consome a nossa gente
Por que, então, não se exaltar?
Prefiro me calar
Tenho sede de mudança
Mas engulo seco pra ninguém me matar
Então, por que lutar se não tenho mais esperança?
É tanta chacina
Tanto sangue derramado
Tantos corpos vendidos, liquidados e descartados
Por que lutar?
Lutar para nos salvar,
Porque não podemos aceitar
Precisamos nos rebelar
Reconstruir, revolucionar!
Não estamos sós
Você está entre nós
Tá no nosso gene
A força perene
Se uma cair, mil irão se levantar
Somos Amélias, Joanas, Dandaras, Simones, Quitérias, Marias, Margaridas, Marielles e tantas outras que vieram te resgatar!
Então, por que lutar?
Porque nossa luta é vacina
Tá no nosso sangue
Se aglutina
E nossas células não desistem
É luta coletiva
Não nos resta alternativa
Somos anticorpos contra o sistema
Vamos quebrar nossas algemas
Cicatrizar os edemas
Pulsar nossa corrente
Ficar na linha de frente
Vamos ocupar todas as ruas e avenidas
Reunidas, munidas
Nunca mais reprimidas
Não vamos temer a brutalidade
Pois vamos vencer com sororidade
Então, por isso lutar!
Porque lutar nos une
E juntas nos tornamos imunes!
A vida é bandida
É causa vencida
Criança atingida por bala perdida
Por que lutar?
O sistema contagia
Prolifera na cidade
Miséria, desigualdade
Vírus, pandemia
Racismo, machismo, homofobia
Por que, então, surtar?
Porque o sistema corrói nossa mente
Por que, então, não desfrutar?
Porque a fome ainda consome a nossa gente
Por que, então, não se exaltar?
Prefiro me calar
Tenho sede de mudança
Mas engulo seco pra ninguém me matar
Então, por que lutar se não tenho mais esperança?
É tanta chacina
Tanto sangue derramado
Tantos corpos vendidos, liquidados e descartados
Por que lutar?
Lutar para nos salvar,
Porque não podemos aceitar
Precisamos nos rebelar
Reconstruir, revolucionar!
Não estamos sós
Você está entre nós
Tá no nosso gene
A força perene
Se uma cair, mil irão se levantar
Somos Amélias, Joanas, Dandaras, Simones, Quitérias, Marias, Margaridas, Marielles e tantas outras que vieram te resgatar!
Então, por que lutar?
Porque nossa luta é vacina
Tá no nosso sangue
Se aglutina
E nossas células não desistem
É luta coletiva
Não nos resta alternativa
Somos anticorpos contra o sistema
Vamos quebrar nossas algemas
Cicatrizar os edemas
Pulsar nossa corrente
Ficar na linha de frente
Vamos ocupar todas as ruas e avenidas
Reunidas, munidas
Nunca mais reprimidas
Não vamos temer a brutalidade
Pois vamos vencer com sororidade
Então, por isso lutar!
Porque lutar nos une
E juntas nos tornamos imunes!
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